quarta-feira, 24 de março de 2010

Consultório da sabedoria

Considero-me mal pago

Nietzsche responde: ''Não admira! O salário é a arma moderna da escravidão. Se não se envergonha de ser utilizado como engrenagem numa máquina e acredita que pode remediar tudo à custa da su própria angústia e a troco de um ordenado mais elevado, então vamos falar do seu servialismo.''


Estou sempre Aborrecido

Schopenhauer responde: ''Tanto melhor! O aborrecimento ajuda a dissipar uma ilusão que cega a maioria dos homens: o caminho para a felicidade. Não vos dais conta de que a hora do tédio chega quando o desejo é satisfeito?''


Sinto uma grande atracção

Sócrates (O FILÓSOFO!) responde: '' nesse caso, ceda ao desejo, pois corre o risco de se tornar ainda maior, passando de simples necessidade a um verdadeiro tormento. Assim, deixe-se ir, mas não se esqueça de que, uma vez consumado, o desejo renascerá e tornar-se-á insaciável.''


Só acredito no que vejo

Santo Agostinho responde: ''Não se trata de um acto de sabedoria, mas de uma desconfiança abominável. Se não acreditarmos naquilo que não vemos, se negarmos os desejos aos homens porque escapam ao nosso olhar, reinará tal desordem na sociedade que tudo ficará virado do avesso.''


Ninguém me leva a sério

Confúcio responde: ''É porque fala demais. Não fale bem de si próprio, pois não o acreditarão; nem mal, pois não acreditarão muito. O homem perfeito fala pouco. O silêncio é um amigo que nunca nos atraiçoa.''


Tenho uma aparência horrível

Kant responde: '' Qualquer critério de gosto é unicamente contemplativo, e não faz mais do que vincular a sua natureza com um sentimento de prazer ou de pena. Esse critério de gosto não representa, pois, um critério de conhecimento e não é, por conseguinte, lógico. Refere-se a uma pura e simples interpretação.''


Não posso fazer nada para mudar o mundo

Hans Jonas responde: ''Nada mais falso. Uma ascese da moderação livremente consentida por cada um de nós pode permitir ao conjunto da humanidade evitar o pior.''


Não consigo decidir-me a casar

Kierkegaard responde: ''Paciência. Encontra-se apenas numa fase estética do amor. Mais avançada do que a simples aventura, em que apenas se procura a si próprio no outro, a fase estética é a da indecisão caprichosa, quando o rosto da pessoa amada ainda pode ser decifrado noutro rosto. O casamento só é exequível na etapa seguinte, a fase ética do amor, a da escolha ponderada''


Receio a morte

Epicuro responde: '' É estúpido afligir-se por a morte nos esperar, pois trata-se de algo que, depois de chegar, já não nos pode fazer mal. habitue-se a pensar que a morte não é nada: enquanto estamos vivos, não faz parte dos nossos desígnios; quando estamos mortos, já deixámos de existir. Estúpido é aquele que declara recear a morte, não por ser assustador quando chega, mas por ser assustador esperá-la.''


Sinto vergonha de mim

Sarte responde: ''Isso acontece porque a imagem que oferece aos outros é determinada pela falsa convicção de que está sempre a ser julgado pelas pessoas que o rodeiam. Quando eu faço um gesto grosseiro ou vulgar, esse gesto fica comigo, sem que eu o julgue. Todavia, se o Outro me viu, tomo consciência da vulgaridade do gesto e então, sim, sinto vergonha.''

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